Show resgata raízes ancestrais e empoderamento feminino através de releituras de canções de mulheres negras


Apresentação gratuita será realizada neste sábado (2), a partir das 18h30, no Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, no Jardim das Rosas, em Presidente Prudente (SP). Emily Souza (esquerda), Alliblack (centro) e Lisie Alves (direita) apresentam neste sábado (2) o show Raízes Ancestrais, no Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, em Presidente Prudente (SP)
Isa Garzo
Conhecimento, história e raízes são três palavras que a cantora Alliblack definiu que não podem ser retiradas de uma pessoa, uma vez que pertencem somente a ela e a sua formação individual. Assim, ao buscar o resgate dos caminhos percorridos por aqueles que vieram antes, a cantora, juntamente com a DJ Emily Souza e a backing vocal Lisie Alves, apresenta, neste sábado (2), às 18h30, o show Raízes Ancestrais, no Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, em Presidente Prudente (SP).
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Segundo a artista e idealizadora do projeto, sua carreira se iniciou em 2018 quando um amigo convidou-a para fazer uma parceria musical. No ano seguinte, lançou a primeira música solo chamada Cifrão, em um canal no YouTube, e, depois de um tempo, começou a lançar canções nas plataformas digitais.
“Eu comecei com a poesia de slam, em competições de poesia falada, e o pessoal falava: ‘Você tem muito porte para cantar rap. Você já tentou fazer um rap?’ e eu falei: ‘Eu tenho um pouco de vergonha’. Mas, depois de tudo, eu tomei coragem [risos] e escrevi a minha primeira música”, explicou ao g1.
Alliblack pontuou que a primeira música que escreveu não foi lançada, mas, após um tempo, decidiu divulgar a canção que gerou o bordão pelo qual é conhecida.
“A primeira música que escrevi eu não lancei. Mas, depois de um tempo, eu escrevi mais algumas músicas e decidi lançar Cifrão, que foi a música que gerou o meu bordão, que todo mundo conhece, e é: ‘Eu quero dinheiro e não nego’. E foi a primeira música que a gente lançou”, contou.
Ela ainda informou que as mulheres que a motivaram a abrir o projeto foram Elza Soares, Luedji Luna e Ludmilla, além de meninas que estão fazendo sucesso no rap, como Duquesa e Budah.
Emily Souza (esquerda), Alliblack (centro) e Lisie Alves (direita) apresentam neste sábado (2) o show Raízes Ancestrais, no Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, em Presidente Prudente (SP)
Isa Garzo
Raízes Ancestrais 🤝🏿
Ao g1, Alliblack explicou que tinha vontade de incrementar no show músicas de outras mulheres que não eram rappers, mas que possibilitassem a interpretação das canções para a base do ritmo.
“Coloquei música da Elza Soares, música da Xênia França, música da Mart’nália, Luedji Luna. Nós pegamos essas músicas e transformamos. Produzimos bases de rap para poder cantar essas músicas ao vivo”, detalhou.
“Eu, minha DJ e minha backing vocal demos a nossa cara para o projeto. Esse projeto tem uma importância muito grande, porque ele resgata vozes de outras mulheres e mostra o empoderamento da mulher negra, artista na 018 [região de Presidente Prudente] e também mostra as vozes de mulheres negras, onde a gente canta essas vozes e interpreta essas músicas trazendo e revivendo essas histórias. Então, acho que é um projeto muito lindo, vai valer muito a pena.”, complementou ao g1.
Além disso, a idealizadora também informou que o show traz instrumentos de matriz africana para ressaltar a importância deste resgate das raízes ancestrais.
“Uma das músicas que a gente canta, inclusive, que é a base do porquê isso existe, fala: ‘Música preta, sou teu instrumento para te servir’. Então, essa é a grande importância desse show para a gente. É um show que a gente está fazendo com muito carinho, muita afeto e espero que o público tenha uma boa aceitação desse projeto, que ele viva por muito tempo”, explicou.
O repertório da apresentação é composto por músicas que a cantora lançou nos EPs Sintomas e Bruxaria, como também em singles lançados. Além disso, traz interpretações de Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares, Banho de Folhas, de Luedji Luna, Cabide, de Mart’nália, e Fé, da cantora Iza.
Emily Souza (esquerda), Alliblack (centro) e Lisie Alves (direita) apresentam neste sábado (2) o show Raízes Ancestrais, no Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, em Presidente Prudente (SP)
Isa Garzo
Mulher negra e artista 💃🏿🎤
Antes do show, Alliblack, Emily Souza e Lisie Alves irão iniciar um bate-papo com o tema “Mulheres negras em resistência: como é ser uma mulher negra e artista no interior paulista”.
“Nós vamos falar do nosso ‘corre’ como artista, porque cada uma trabalha com um projeto diferente, depois, a gente se encontra nesses projetos musicais. Vamos falar sobre as dificuldades, os enfrentamentos que nós tivemos, como nós trabalhamos a arte aqui na nossa região e como nós resistimos através da arte, porque nós sabemos que não é fácil ser artista na nossa região, ainda mais sendo mulheres negras e artistas, que temos enfrentamentos particulares que são só nossos”, afirmou ao g1.
A rapper também salientou a importância de resgatar as raízes ancestrais e utilizar a arte como forma de expressão e resistência.
“Quando falamos de raízes ancestrais, falamos de quem veio antes de nós, falamos dos caminhos que eles escolheram, trilharam para que nós possamos passar por este caminho e trilhar mais caminhos, para que as mulheres negras que vêm depois de nós, as nossas meninas negras, também possam caminhar por esses caminhos”, explicou.
“Ao falar das nossas raízes, a primeira coisa que vem é sobre a nossa história, sobre a nossa família. Sempre que eu lembro das minhas raízes, eu lembro da minha mãe, da minha vó. Eu lembro das histórias que elas me contavam, lembro também de como tudo isso iniciou e o início do hip hop, que começou com pessoas pretas no Bronx [em Nova Iorque, nos EUA] com dois irmãos negros, onde um dos irmão era uma mulher, que foi uma grande produtora para o hip hop existir, que é a Cindy Campbell”, pontuou Alliblack.
A artista também ressaltou que o resgate também serve para mostrar para as meninas o quanto são poderosas e capazes de trilhar novos caminhos.
“E não é fácil. É um caminho de resistência que a gente vem fazendo há muito tempo para o resgate da autoestima, para valorização das vozes de mulheres negras, para a valorização da aparência de mulheres negras, para a valorização do trabalho, da educação, de todas as qualidades que elas carregam e muitas vezes são apagas. A gente vem mostrar para essas crianças, para essas meninas, para essas mulheres que elas são tão capazes, que elas são tão poderosas”, argumentou.
“Quando resgatamos as histórias dessas mulheres que vieram antes de nós, essas mulheres viveram tudo o que viveram, passaram tudo o que passaram para estarmos aqui, às vezes, tendo de repetir aquilo que elas já disseram com mais força, com mais potência e continuar repetindo para que as pessoas entendam e comecem a valorizar nosso trabalho, comecem a valorizar nossa história”, complementou.
Alliblack ainda informou que o intuito do show é continuar relembrando os caminhos para que continuem a buscar a valorização e a conquista feminina.
“Obtivemos muitos caminhos trilhados para poder estarmos ali cantando, continuaremos ali, mostraremos isso para quem estiver para nos escutar. Eu acho que é uma coisa que ninguém pode tirar de nós. Nosso conhecimento, nossa história, nossas raízes. Isso ninguém vai tirar de nós”, afirmou.
“Quando eu subo no palco, eu não subo só por mim, eu subo por todas essas mulheres que eu penso, que são da minha família, que vieram antes de mim e prepararam o caminho para eu passar”, finalizou ao g1.
Emily Souza (esquerda), Alliblack (centro) e Lisie Alves (direita) apresentam neste sábado (2) o show Raízes Ancestrais, no Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, em Presidente Prudente (SP)
Isa Garzo
Serviço
A apresentação terá entrada gratuita e será realizada neste sábado (2), a partir das 18h30, no Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antônio Sandoval Netto, localizado na Rua Doutor João Gonçalves Foz, n° 2.179, no Jardim das Rosas, em Presidente Prudente.
A classificação indicativa é livre.
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