Vivemos em uma sociedade bastante competitiva, repleta de pressões de todos os lados, além das inúmeras experiências de perdas. Em meio a esse turbilhão de desafios, o estresse é inevitável e, como um dos seus sintomas, a raiva. Esta assume diversas formas em nosso cotidiano, desde a agressão verbal, que parece se proliferar principalmente nas plataformas online, até formas mais extremas de manifestação física, sem esquecer as sabotagens como atos de vingança.
A raiva, sendo parte intrínseca do repertório emocional humano, é desencadeada por uma variedade de estímulos externos e internos, muitas vezes nos despertando sentimento de impotência diante de tantas pressões. Considerada um estado de humor, essa emoção é uma resposta adaptativa a situações de perigo iminente ou eventos indesejados, agindo como uma defesa diante de ameaças percebidas.
Embora a raiva seja uma emoção natural e necessária, sua expressão não justifica comportamentos impulsivos e infantis por parte de quem se sente injustiçado. Explosões frequentes prejudicam tanto o indivíduo quanto suas relações pessoais, levando-o a ser rotulado como alguém com “pavio curto” e, por conseguinte, isolado socialmente.
Desde a infância, nos deparamos com frustrações que, ao longo do tempo, nos ensinam que o mundo nem sempre atende aos nossos desejos. A habilidade de lidar com a frustração é crucial para o processo de socialização. Uma criança que cresce sem compreender a importância do respeito pelas diferenças e que sempre vê seus desejos como supremos pode desenvolver acessos de raiva diante de qualquer contrariedade, perpetuando esse comportamento na vida adulta.
Por outro lado, apesar da raiva ser frequentemente mal vista em nosso convívio social, é fundamental destacar que a não expressão da raiva pode resultar em seu acúmulo, desencadeando explosões de agressividade com consequências desastrosas. A raiva reprimida, por sua vez, pode ter implicações significativas na saúde mental como ansiedade, insônia ou depressão, além de doenças psicossomáticas.
Assim, contrariando algumas crenças, a raiva pode ser uma emoção saudável quando identificamos os gatilhos que a estimulam e, com isso, desenvolvemos estratégias para expressá-la de maneira construtiva e equilibrada. Em uma situação de perda ou frustração, por exemplo, a raiva pode até mesmo nos despertar uma força necessária para enfrentar a situação, não como sinônimo de violência, mas sim canalizando-a para gerar uma energia criativa.
A psicoterapia oferece ferramentas para reagir de maneira apropriada, ressaltando que aprender como expressar a raiva é um sinal de amadurecimento emocional e mental. Créditos: Joselene L. Alvim.
Expressar a raiva é bom ou ruim?
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