Presidente Prudente registra 38,6ºC e bate recorde histórico de maior temperatura no mês de janeiro


Climatologista aponta que, apesar do calor, índice de chuva deve ser maior do que a média. Presidente Prudente bate recorde de temperatura máxima em janeiro com 38,6ºC
Bruna Bonfim/g1
Que o calor forte e o tempo seco são característicos na cidade de Presidente Prudente (SP) na maior parte do ano todos já sabem. Em contrapartida, janeiro costuma ser o oposto, com chuvas intensas e milímetros elevados. Porém, a segunda semana de 2024 está atípica. Nesta segunda-feira (8), os termômetros da maior cidade do Oeste Paulista registraram 38,6ºC e bateram o recorde da maior temperatura já registrada historicamente em janeiro em Presidente Prudente.
Anteriormente, a maior temperatura havia sido registrada em janeiro do ano de 2015, com 37,8ºC.
O climatologista Vagner Camarini explica que apesar de atípico, as temperaturas próximas a 40ºC durante o verão no início do ano podem ser consideradas normais.
“Os dias agora estão bem mais longos do que as noites, nós ainda estamos com os dias na faixa de 13 horas de sol e em torno de 11 horas de noite, então, com isso, tem mais energia chegando. Com o fenômeno El Niño, a circulação atmosférica muda um pouco e traz muita umidade e calor da região norte para cá. Esse ano, como o El Niño está um pouco mais intenso e as temperaturas do Oceano Atlântico não esfriaram tanto, essas correntes [de água] estão indo mais ao sul do país ou também pegando mais a parte litorânea. E aqui para nós, acaba ficando a parte quente”, explicou o climatologista ao g1.
O El Niño é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, próximo a região do Equador, que muda a circulação atmosférica do ar. Desta forma, todo o calor e umidade da região equatorial é direcionada para a região sul e sudeste do Brasil.
Ainda conforme Camarini, a bolha de ar quente predominante sobre a região oeste do Estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul, parte do Paraná e parte de Minas Gerais dificulta a formação de nuvens de chuva, o que é considerado comum.
Sol forte, tempo limpo, calor intenso em Presidente Prudente (SP), céu sem nuvens
Bruna Bonfim/g1
17 dias sem chuvas significativas
De acordo com o climatologista, a última precipitação significativa foi registrada no dia 23 de dezembro de 2023 e ultrapassou o índice de 70 milímetros em alguns pontos.
Nos dias seguintes, alguns pontos de chuva foram registrados de forma isolada em cidades do Oeste Paulista, que não chegaram a ultrapassar seis milímetros. Em janeiro, os pluviômetros das estações meteorológicas da região estão praticamente zerados.
Vagner explica ainda que a média histórica de chuva no primeiro mês do ano costuma ser entre 220 a 230 milímetros. Porém, em alguns anos a média já foi ultrapassada, chegando a marcar mais de 500 milímetros.
Do outro lado, também já foram registrados médias de até 50 milímetros, segundo o especialista. Apesar de janeiro já estar na segunda semana e nenhuma chuva considerável ter caído, a previsão é de que a estiagem não prevaleça, pelo contrário.
“A previsão para esse ano, apesar desse período que estamos vivendo, ainda é de chuva acima da média, ficando entre uma média de 220 até uns 260 milímetros, estamos esperando que a previsão se concretize para ajudar principalmente o agricultor da região”, pontuou Vagner Camarini.
Falta de chuva impacta negativamente a agricultura do Oeste Paulista
Bruna Bonfim/TV Fronteira
Impacto na agricultura e na pecuária
A falta de chuva pode impactar negativamente na saúde respiratória da população, bem como a vida no campo. A agricultura é o setor que mais sofre com o tempo seco, visto que apesar da vegetação da região ser propícia ao calor, também necessita de água para sobreviver.
“As plantas, as que são cultivadas aqui na região, as pastagens, todas essas culturas, a cana, elas gostam de calor. São plantas de clima quente e propícias para essa época de verão. O problema maior que está sendo para a agricultura, nesse período, é a falta de água. O baixo índice pluviométrico tem afetado, porque a planta gosta de calor, mas tem que ter água. Então, com isso, ela não tendo água, ela acaba tendo um desenvolvimento dificultado, não sendo tão efetiva a parte vegetativa”, enfatizou Vagner.
Os produtores que possuem irrigação acabam compensando a falta de precipitação e não tem a produtividade impactada. Porém, o desenvolvimento dos frutos podem sofrer com a escassez.
“Todas as culturas da região estão sendo prejudicadas pela falta d’água, apesar de algumas não estarem sentindo tanto, mas mesmo assim o seu desenvolvimento acaba sendo um desenvolvimento mais tímido, mais lento devido a falta de água. As frutíferas que talvez beneficiem um pouco, mas aquelas que as frutas já estão desenvolvidas e na fase final de maturação, com esse calor e a falta de água, a maturação das frutas acabam sendo mais rápidas e elas acabam tendo um acúmulo de açúcar um pouquinho maior. Então, normalmente elas vão ficar com uma coloração um pouco melhor, mais doce e vão amadurecer mais rápido. Mas mesmo assim, aquelas que não estão bem desenvolvidas vão acabar ficando com tamanhos reduzidos, dificultando o comércio e também diminuindo a rentabilidade do produtor”, finalizou o climatologista.
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