Samba-raiz: tocada pela divindade Alcione, conexão religiosa de Elly Guimarães com o samba perdura há mais de duas décadas


Inspirada pela renomada ‘Marrom’, terceira reportagem da série especial do g1 em homenagem ao Dia do Samba mostra a fidelidade da cantora prudentina com o gênero musical, destilado por meio do timbre marcante que defende a voz da mulher brasileira. Cantora prudentina Elly Guimarães é apaixonada pela diva Alcione desde os 15 anos
Acervo pessoal
Certa vez, Clara Nunes (1942-1983) disse que o samba é uma procissão que abençoa a festa do divino carnaval, que o povo na rua, cantando, é feito reza, um ritual. Dessa experiência esotérica, arrebataram-se muitos fiéis, entre eles, a cantora Elly Guimarães, que se conectou à religião do samba no momento em que ouviu a voz sublime de Alcione, a padroeira de sua vida desde os 15 anos.
“Quando eu a ouvi pela primeira vez, me apaixonei. Ela me fez ter a certeza de que era isso o que eu queria seguir, o samba! Mesmo cantando todos os estilos de música, o samba é tudo para mim, graças a ela”, afirmou ao g1.
Elly se apresenta em casas de shows, casamentos e festas particulares no Oeste Paulista
Kaian Ulisses
Fruto desse amor é o show Especial Alcione, idealizado pela artista de Presidente Prudente (SP) para homenagear os 50 anos de carreira da “Marrom” e todas as mulheres desbravadoras do samba, que transfizeram as trajetórias de tantas outras.
Guiada pelas “santas almas benditas”, de Leci Brandão, a trajetória de Elly Guimarães no samba começou há cerca de 25 anos, quando começou a se apresentar em casas de shows, casamentos e festas particulares em todo o Oeste Paulista, na levada da mistura entre rock e sertanejo ao ritmo ancestral.
“O samba não é apenas um estilo musical. Ele é vida, ele leva alegria ao coração das pessoas”, defendeu a cantora, de 48 anos.
Samba de roda de Elly Guimarães no Sesc Thermas, em Presidente Prudente, homenageou cultura afro-brasileira
Estevão Salomão/Sesc Thermas
De outras vidas 💞
Cartola, Beth Carvalho e Adoniran Barbosa são nomes que não saem de sua lista de reproduções. A cada oportunidade de ouvir ou dar voz às canções eternizadas pelos clássicos do gênero musical, a alma da sambista interiorana se envaidece, santificando-se em uma espécie de culto, cujo sagrado é resgatado pela força ancestral que habita o seu corpo, uma conexão que vem de outras vidas.
“É raro eu cantar uma música na qual eu não me emocione com a letra. O samba me emociona, ele toca a minha alma, e isso é muito bom”, atestou ao g1.
Shows da sambista são cheios de alegria, ritmos e sorrisos largos
Acervo pessoal
Na nota musical tatuada em seu antebraço direito, a demonstração da devoção ao samba, admiração que ela faz questão de externar durante os seus shows, sempre cheios de energia, ritmos e sorrisos largos.
Em um dos últimos, realizado em 18 de novembro, no quintal do Sesc Thermas, em Presidente Prudente, ela pôs os pés no chão para, junto aos músicos parceiros, fazer um samba de roda em homenagem à cultura afro-brasileira. Em nome da arte, ela cultivou o “samba-raiz” e foi abraçada pelo verde das árvores que pintava o cenário ao ar livre.
Já o Quintal da Elly é uma verdadeira ode aos clássicos que fazem qualquer brasileiro sambar, mesmo que nunca o tenha feito na vida.
Samba é a vida e o amor de Elly Guimarães
Acervo pessoal
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Força ✊🏽
Um dos momentos mais marcantes da carreira da sambista ocorreu em 2018, quando foi convidada pelo cantor Alexandre Pires para dividir o palco do evento onde estava tocando, em Regente Feijó (SP). O que era apenas uma participação tornou-se um show completo.
“Ele me chamou em um show pra cantar com ele e eu fui apenas para fazer a abertura do evento em que ele era a atração principal. Do nada, ele me chamou pelo meu nome. Foi surreal”, relembrou ao g1.
Desde então, Elly Guimarães segue consolidando cada passo de sua carreira e dando voz à força da mulher brasileira através do samba.
“O samba sempre foi representado por mulheres muito fortes, as quais sempre trouxeram suas histórias, crenças e alegrias. Hoje em dia, vejo que o samba abriu portas a muitas mulheres, como forma de expressar seus sentimentos. Eu mesma canto com o coração, com a alma”, enfatizou.
Cantora Elly Guimarães dividiu palco com Alexandre Pires, em 2018, em Regente Feijó (SP)
Acervo pessoal
Série especial 🥁
Nesta semana, o Portal g1 Presidente Prudente e Região publica uma série de reportagens especiais em homenagem ao Dia do Samba, comemorado em 2 de dezembro.
“Samba-raiz” faz referência à ancestralidade com que o ritmo foi firmado em terras brasileiras. Mais do que isso: recorre às memórias mais nostálgicas de artistas do Oeste Paulista que, influenciados pelos pioneiros do samba, firmaram suas raízes no gênero musical e, hoje, são referência em toda a região. “Samba-raiz” é alegria, ritmo, poesia e reflexão. É o legado que já está sendo construído por todos aqueles que compartilham o amor pelo bom e velho samba raiz.
A primeira reportagem foi ao ar na quarta-feira (29) e trouxe detalhes do que motivou a cantora Adriana Cavalcanti a idealizar o projeto “Mulheres no Samba”.
Já a segunda reportagem foi publicada nesta quinta-feira (30), recordando a trajetória do sambista e intérprete machadense Laercio Sabirú Custódio.
Nesta sexta-feira (30), foi dia de mostrar a conexão quase religiosa da cantora Elly Guimarães com o samba, motivada especialmente por Alcione.
Elly Guimarães segue dando voz à força da mulher brasileira através do samba
Victor Greter/Sesc Thermas
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