Sobrevivência Feminina: ‘Ele me estapeava e não parava nunca’, conta vítima de violência de familiares e ex-companheiros


Conheça a história de Maria Lucimar, a Mazinha, que sofreu violência de gênero ao longo de toda a vida. Inclusive, ela nasceu em meio a uma agressão do pai contra a mãe. Na sexta e última reportagem da série, ela relata como saiu da posição de vítima para a de sobrevivente. A última reportagem conta a história de Mazinha, que inspirou o nome da série
Arte g1
Abusos, gritos, tapas e ameaças. Imagine ser vítima de diversos tipos de violência durante toda a vida e ainda te culparem por isso. A corda sempre estoura para o lado da mulher, que mesmo com as marcas pelo corpo, costuma ouvir comentários como “mas você provocou”, “mas você que escolheu estar com ele”, “ mas você sempre volta”. O ‘mas’, que não deveria estar na mesma frase que aborda a violência contra a mulher, sempre está presente.
Com a sobrevivente Maria Lucimar, não foi diferente. Comentários como estes eram ditos pelos próprios amigos e até familiares. Aliás, poucas vezes ela conheceu outro contexto dentro de um relacionamento até mesmo familiar, visto que ela nasceu em meio a uma agressão do pai contra sua mãe.
No Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, celebrada neste sábado (25), você vai conhecer a história da Maria Lucimar de Sousa Gonçalves, que foi vítima de violência contra a mulher de familiares e companheiros.
Esta é a sexta e última reportagem da série Sobrevivência Feminina, exibida pelo g1 ao longo dos últimos dias.
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“Eu não sou mais vítima, me considero uma sobrevivente”. Esta foi a primeira frase dita por Maria em entrevista ao g1. Ao escutá-la o nome da série não poderia ser outro, já que as mulheres que decidem contar seus relatos são sobreviventes de uma sociedade patriarcal.
Depois de viver uma vida marcada pela violência, a mente tenta bloquear as memórias mais difíceis que provocaram sentimentos de extrema tristeza. Porém, ela não é capaz de apagar tudo. A manicure e estudante de marketing, também conhecida como Mazinha, fez questão de mostrar sua identidade para que a mente e o corpo de outras mulheres não precisem passar por tamanha agonia.
Maria Lucimar nasceu enquanto o pai agredia a mãe fisicamente
Bruna Bonfim/g1
Nascida na violência
Os pais de Mazinha moravam em Jardim (CE), quando sua mãe estava grávida. O casamento dos dois sempre foi turbulento, pois o pai era extremamente agressivo. A mãe contou para a filha o momento e o motivo exato do porque ela nasceu prematura. Foi em um dia que o casal acabou brigando por algum motivo irrelevante e o pai de Mazinha espancou sua mãe, que estava grávida de sete meses.
Foi então que Mazinha veio ao mundo. Em meio a uma violência doméstica.
A infância da pequena Maria não foi diferente. Os pais continuavam brigando muito e ver a mãe com machucados já era constante. As ameaças de morte também eram presentes e refletiam nos filhos.
“Lembro que uma vez ele colocou uma água, naquela época era água de pote de barro, chegava a água e a gente colocava nos potes. Ele colocou solução de carro [na água], e a gente ia beber. Não sei o que se passava na cabeça dele. Os meus pais tiraram da gente o básico”, relembrou.
Ainda conforme as lembranças de Mazinha, as tentativas de feminicídios contra a mãe fizeram com que ela se mudasse para Presidente Prudente (SP) e deixasse os filhos no Ceará, sob os cuidados de familiares.
Mazinha e os irmãos saíram do cenário constante da violência e foram morar com a avó paterna. Foi então que a pequena Maria foi vítima de violência sexual pela primeira vez.
Mazinha foi vítima de abuso sexual pelo próprio tio na infância
Bruna Bonfim/g1
Abusos sexuais na infância
As memórias de infância da casa da avó são marcadas pelas noites em que o tio, irmão de seu pai, entrava no quarto e iniciava os abusos.
“Todo mundo dormia, a casa silenciava, de repente alguém, a princípio você acha que é um sonho, depois você congela, depois você fala ‘por que? O que eu fiz? O que está acontecendo?’. E você fica lá parada, pelo menos comigo foi assim. Uma vez, segunda vez, terceira vez. ‘Fica quieta que acaba rápido, não fala nada’, mas fui falar com vó. Eu sabia que não podia, que era errado”, disse Mazinha ao g1.
A conversa com a avó não foi como Mazinha esperava. Ao invés de acolhimento, ela recebeu um pedido de silêncio.
“Eu falei ‘vó, aconteceu isso, isso e isso’ e ela falava ‘Mazinha, não fale de seus tios não, não pode maldar da família, você tá maldando, porque é esse seu jeito aí, ele é homem’”, contou.
Por anos Mazinha acreditou nas palavras da avó de que sua personalidade extrovertida era a justificativa das agressões sofridas por ela. Com a falta de atitude dos familiares, a jovem passou a achar que o abuso sofrido poderia ser normal na sociedade.
“Às vezes eu não tinha ódio dele [o tio], não queria nada com ele, mas não tinha ódio porque eu pensava que devia ser normal então, todo mundo deve viver assim, deve ser normal isso’”, contou.

Um dia ela entendeu que não era comum. Uma familiar flagrou o tio de Mazinha abusando sexualmente dela no quarto, como era de costume. Foi a primeira familiar que a defendeu do agressor e não a culpou por simplesmente ser mulher.
“Quem me salvou foi a mulher do meu outro tio, ele nunca fez nada com a gente. Ela falou assim ‘olha ele em cima da Mazinha’, ela acordou a casa inteira e eu parada lá, porque se eu ficasse parada, acabava rápido. Com esse meu jeito exacerbado, se eu contasse pra alguém, iam dizer ‘mas você não quis não?’”, acrescentou a manicure.
No outro dia, a família a tratou como se nada tivesse acontecido. Aliás, a avó entregou um pedaço de bolo maior do que o de costume. Ela acredita que foi uma forma de tentar compensá-la pelo abuso.
Ao longo da infância, Mazinha sofreu mais abusos sexuais
Bruna Bonfim/g1
Mais abusos
Mazinha saiu da casa da avó e se mudou para a casa de uma tia. O novo recomeço também não saiu como esperado. O marido da tia passou a assediá-la sexualmente antes de irem trabalhar na feira. Ela relembra que sua reação nas piores vivências de sua vida era a mesma: o congelamento.
“Ele ia me acordar, ele ficava passando a mão no meu peito de uma forma que eu não deixo ninguém passar até hoje. Ele vendia chinelos na feira, me acordava porque eu ajudava ele a levar as coisas. Ele ficava passando a mão, que nojo, horrível. E eu fazia, o que? Adivinha. Ficava quieta, parada, paradíssima, calada. Eu percebi que se eu me mexesse, ele falava ‘então vamos ali, pegar as coisas’. Então sempre que começava, eu já me mexia ou ele acordava e eu já estava de pé. Eu aprendi como se fosse uma técnica de sobrevivência, quando ele vinha eu já estava sempre acordada”, explicou a estudante.

Ela ainda relembra que também foi abusada sexualmente por um amigo da família que lhe ofereceu comida como forma de “atração”, pois sabia que ela e os irmãos passavam dificuldades.
Ao conseguir uns dos seus primeiros empregos, ainda na adolescência, o patrão também a importunou sexualmente dizendo frases como “você tem um corpinho tão…”
“Ele tirava [o pênis] pra fora, ficava me mostrando, perguntando se eu gostava. E eu congelo. Eu pensava que a culpa era minha, porque ele falava que eu era engraçadinha. Então, você está dando abertura para as pessoas virem?”, contou Mazinha.
Ao longo dos anos, a jovem mulher passou a realmente acreditar que o motivo de sempre ser alvo de abusos era por conta de seu jeito extrovertido. Naquela época, ela não entendia que não existe um porquê para as mulheres tornarem-se vítimas dos homens.
“Eu já chegava escancarando e todo mundo falava ‘fica quieta, não pode falar assim’ e eu com todo esse meio jeito de falar, de querer dizer. Mas eu descobri que às vezes não é bom, porque é o fardo da mulher, da pessoa extrovertida. Porque muitos homens dizem ‘ué mas você tava rindo, não queria nada?’ Eu falo ‘não, eu estava rindo e não queria nada’. Eu fico sufocada”, disse ao g1.
Mazinha foi vítima de agressões psicológicas do homem que acreditava ser o grande amor de sua vida
Bruna Bonfim/g1
Um grande amor e as marcas
Apesar das marcas do abuso na alma, Mazinha decidiu dar espaço para o amor na sua vida. Das primeiras relações amorosas teve três filhas mulheres, que são consideradas seus tesouros. Os relacionamentos não deram certo por quebra de confiança e outros motivos, exceto agressões.
Em 2008 ela se apaixonou novamente. A conquista foi feita por meio de declarações, atitudes carinhosas, presentes e demonstrações de afetos. Além disso, ele tratava muito bem as filhas, o que era um fator determinante para estar com alguém.
“A primeira coisa que ele fez pra mim foi assim, eu sempre ia escovar o cabelo no salão, eu falei que estava esperando o ônibus e e ele perguntou se eu queria que ele me levasse e eu pensei ‘por que ele me levaria?’. Porque, no meu pensamento, por que as pessoas iam fazer alguma coisa de graça pra mim? Toda vida eu fui usada, rechaçada, descartada. Ele me levou no salão e pronto, eu nunca mais quis outra pessoa na minha vida”, relembrou.
Porém, os bons momentos não duraram por muito tempo e a relação, até então saudável, começou a ser ameaçada de forma repentina.
“Se eu desaprovava ele por qualquer motivo, porque eu não sabia o que eu desaprovava, mas ele virava o rosto. Eu perguntava ‘o que foi que aconteceu?’ e ele dizia ‘você sabe muito bem’. Não cara, eu não sei o que aconteceu. Eu fazia de tudo pra tentar compensar, eu pedia perdão por uma coisa que eu nem sabia o que era”, contou ao g1.
As brigas se tornaram mais frequentes. Em uma delas dentro do carro, motivada por ciúmes, o ex-companheiro passou a dirigir em zig-zag na rodovia. As filhas de Mazinha também estavam no veículo e gritavam para o namorado da mãe parar. Ao chegar em casa, ele começou a chutar a porta e ameaçá-las.
O pedido de perdão sempre chegava no outro dia e costumava ser aceito por Mazinha. Porém, o ciclo da violência voltava a se repetir.
As brigas entre o casal tornaram-se mais intensas
Bruna Bonfim
Agressões psicológicas
Ao longo de 12 anos, o relacionamento foi marcado por diversos casos de violência psicológica e agressões veladas. As brigas, agora, passaram a receber nomes. Na “briga do suco de morando”, o ex-companheiro se irritou, quebrou diversos eletrodomésticos e a expulsou de casa ao chegar do trabalho e ver que Mazinha havia preparado uma vitamina de banana com morango com as filhas sem a sua presença.
Em outro episódio, em meio a outra discussão, ele a empurrou. Para se isentar da situação, o ex-companheiro disse que a manicure se jogou. Ela acreditou na justificativa.

Com a pressão da violência, Mazinha também ficou violenta em uma das situações. Lembrada como “brigada dos ovos”, nesta ocasião ele passou a filmá-la após uma discussão. Ela, por sua vez, perdeu o controle ao ser ofendida.
“A briga dos ovos pra mim foi a mais grave porque ele ficava me filmando. Eu surtei, eu não lembro o porquê dessa briga, mas foi alguma coisa que ele fez que eu falei que não ia mais aguentar, ele falou ‘não vai aguentar e vai pra onde então? Ninguém te quer. Sua mãe te quer? Você é uma morta de fome, se você for embora você vai morrer de fome. Porque você nunca teve comida, você é uma coitada, você sabe né? A psicóloga falava pra eu tentar sair disso, mas eu falava ‘mas ele cuida das meninas. Mas ele não abusa delas’”, relembrou.
Mazinha entrou em desespero e começou a quebrar ovos na direção do ex-namorado, que a chamava de louca enquanto filmava sua reação em meio a briga.

O relacionamento já estava desgastado. O ciclo da violência era constantemente repetido. O carinho do início do relacionamento estava quase extinto. Os dois ficavam alguns dias sem se falar e o companheiro só comia as refeições que Mazinha preparava quando ela se levantava da mesa.
Um dia, ele voltou a respondê-la, pois queria sair com ela. Porém, Mazinha percebeu que o ex-companheiro estava alcoolizado e recusou o pedido.
“Ele falou que era pra eu ir e eu disse que não. Ele falou ‘anota o que eu estou te dizendo, eu quero ter um câncer na cabeça, se você não pagar o que você está fazendo comigo’. Depois eu comecei a pedir desculpa, mas o que eu estava fazendo com ele? Só porque eu não queria sair com ele bêbado? A mãe dele falou pra eu não ir, porque depois ele podia fazer gracinha comigo na rodovia, podia acontecer algo pior com a gente”
Mazinha foi xingada pelo companheiro durante aula on-line e amiga a resgatou
Bruna Bonfim/g1
Resgate em aula on-line
Em 2020, o relacionamento de idas e vindas caminhou para o fim. Mazinha precisou ser resgatada em meio a uma aula on-line por uma colega de turma após ser xingada pelo agressor na frente dos outros estudantes.
“Uma aluna que estava na aula, que mora aqui nessa rua, ela pegou o carro dela, parou na frente de casa e falou ‘vamos embora’ e ele ficou parado olhando. Ela jogou umas coisas na mala, a gente fez uma mala, ela me colocou dentro do carro e me tirou de lá. Mas pra onde eu ia?”, disse.
Mazinha foi para a casa de uma amiga, onde se abrigou por alguns dias. Porém, a dependência emocional falou mais alto e ela pediu desculpa apenas para tê-lo de volta. O homem, por sua vez, passou a não respondê-la, pois estava em um outro relacionamento. Ao longo do tempo, eles se distanciaram.
Ela não registrou nenhum Boletim de Ocorrência contra ele.
Mazinha se apaixonou novamente e foi vítima de agressão sexual e assédio
Bruna Bonfim/g1
Nova paixão, novo agressor
O tempo foi curando a ferida deixada pelo ex-companheiro. Mazinha resolveu dar uma chance para o amor novamente. Em uma corrida de carro de aplicativo, ela conheceu um homem e se apaixonou quase que instantaneamente.
Os dois começaram a se relacionar e passaram a fazer de tudo juntos, inclusive viagens com direito a cantoria e planos. Até que um dia ele disse que tinha uma pessoa, mas que havia acabado de se separar e estava morando na mesma casa por conta do imóvel.
“Fiquei quieta e ele foi embora. Mais tarde ele me chamou, falou pra eu sair pra fora de casa e ele trouxe um bolo. Ele conversou e não falou mais do assunto. Eu também não toquei no assunto porque eu pensei “Deus me livre, já pensou se ele larga de mim?”. Olha que dó de mim”, afirmou.
Mazinha relembra os pensamentos em meio a indignação de ter aceitado manter um relacionamento amoroso nessas condições.
“Eu vejo as coisas e eu tenho dó de mim, porque as pessoas falam ‘não é triste sua história, ele nem te batia’, que nervoso de ouvir isso de mulher.
Foi então que ela decidiu dar um basta e ir para Portugal. Neste período, eles mantiveram algumas conversas por telefone, com promessas de amor. Depois de alguns meses, ela precisou voltar para o Brasil por conta da saúde. Foi nesse momento que a relação esfriou.

A partir desse momento, a relação era rompida e retomada constantemente. Mazinha tinha esperança de que ele realmente terminasse a “antiga” relação. Ao questioná-lo, ele desconversava com falas como “mas eu nunca disse pra você que eu não era casado, você ficou porque você quis”.
Entre idas e vindas, retomadas e términos, ela começou a percebem que o “ficante” passou a ficar violento com ela durante as relações sexuais.
“Eu comecei a perceber que estava violento, falei pra ele que estava com impressão que ele me odiava e ele falou ‘de fato’. Pensei, está fazendo aquilo de brincadeira, na cama às vezes dar um tapa de brincadeira é uma coisa, às vezes excita. Mas teve um dia que ele passou dos limites. Ele me estapeava e não parava nunca mais. Eu falava pra ele parar, ele segurava meus braços, mordeu minha coxa, ficou bem roxa. Mandei pra ele no outro dia, ele riu, falou que eu estava gostando e eu disse que não, que pedi pra ele parar. Pedi pra ele parar por inúmeras vezes e ele não parou. Congelei de novo”, relembrou Mazinha.
Mazinha precisou registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher
Bruna Bonfim/g1
Importunação e denúncia
Mazinha cansou da situação e decidiu dar uma basta. Ela descobriu que ele estava com outra pessoa e já havia terminado o outro relacionamento. Porém, passado algum tempo, o homem começou a importuná-la com ligações e mensagens.
“Ele começou a me ligar, falava que eu era o amor da vida dele, que se arrependia, que ele gostava de mim, pra gente se encontrar. No dia seguinte eu perguntava porque ele ligou e ele ‘você tá louca?’. Olha eu, louca de novo, já era louca no relacionamento anterior e agora de novo? Eu respondi que não. Ele falou que o número dele não era restrito, mas eu não tinha mencionado sobre o número restrito. Printei e mandei pra ele, ele falou que não era ele. Passou e ele ligou de novo”, relembrou.
Um dia ela decidiu gravar a ligação. Foram 21 minutos de todos os tipos de conversa. De propósito, ela marcou um encontro com o ex no dia seguinte, às 7h. Ao questioná-lo, ele negou tudo novamente.
“Ele falou ‘tá louca? Que 7h o que’. Era tudo aquilo que eu queria, fui me consultar com uma pessoa, perguntei se ela achava aquilo certo e ela falou ‘de novo?’. [Em meio às lágrimas]. Ela falou ‘você quer pensão dele?’. Eu falei que não. Perguntou se ele me bateu, falei que não. Ela falou pra eu desligar meu celular. Isso vir de mulheres, de mulheres estudadas, pra mim é muito sei lá, não sei explicar”, contou.
Mazinha procurou a DDM para se informar
Bruna Bonfim/g1
Denúncia
Mazinha decidiu pedir conselhos na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Finalmente ela foi ouvida.
“Fui lá me informar, contei pra uma moça e depois veio a delegada. Ela perguntou se eu queria registrar um boletim de ocorrência. Eu perguntei ‘e pode?’, ela falou ‘claro que pode’. Eu tive voz, pensei ‘meu Deus, ela me escutou’. Ela perguntou se eu tinha certeza se era ele e disse que tinha 99% de certeza que era”, disse Mazinha.
Ir até a DDM foi o caminho que Mazinha precisava traçar desde a primeira vez que foi vítima de violência.
“Eu não sei o que vai ocorrer daqui pra frente, mas sei que vão chamar ele na delegacia, depois a mim, depois ela vai querer saber se eu vou querer continuar com o processo, mas eu vou continuar. Não porque é ele, pela vez dele que seja, mas por toda a minha vida e por todas as mulheres que acha que isso não é nada, porque é, porque você não consegue estudar, trabalhar, nada. Porque você se passa de mentirosa, louca, surtada, porque a ex sempre é louca, que eu nunca supero, quem não supera é ele que sempre me liga de madrugada”, disse.

Hoje Mazinha estuda Marketing em uma faculdade em Presidente Prudente (SP) e planeja seu futuro não dependendo emocionalmente de homens, mas visando seu bem estar e de suas filhas.
Ela também parou de dar ouvidos a pessoas que desmerecia suas vivências apenas por não ter uma marca da agressão escancarada em seu corpo. Agora ela também quer empoderar outras mulheres que passam por isso.
“Mulher do céu, não invalide sua dor. ‘A mas ele nem me deu uma facada’, mas vai esperar esfaquear? Denuncie pelo amor de Deus. Se tem a Delegacia da Mulher, se tem tudo pra gente, tem que ser a gente tem que correr atrás do que é nosso. ão é só bater, não é só facada, não deixe chegar nisso porque a violência psicológica vai até chegar nisso. Procure, denuncie e estude”, finalizou Mazinha, a sobrevivente.
Maria Lucimar, a sobrevivente feminina
Bruna Bonfim/g1
Créditos da série Sobrevivência Feminina
Coordenação editorial e edição: Gelson Netto
Reportagem: Bruna Bonfim
Arte e ilustrações: Vanessa Vilche e Marcela Castilhos
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