Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico pede abertura de inquérito para investigar reformas na Apea, em Presidente Prudente

Documento foi encaminhado ao promotor de Justiça Jurandir José dos Santos, do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP). Caçamba com restos de construção em frente à Associação Prudentina de Esportes Atléticos (Apea), em Presidente Prudente (SP)
Leonardo Bosisio/g1
O Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Comudephaat) enviou ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP), nesta segunda-feira (21), um pedido de abertura de inquérito para investigar as obras de reforma que estão em andamento no prédio da Associação Prudentina de Esportes Atléticos (Apea), em Presidente Prudente (SP).
No documento, o órgão afirmou que leva em consideração “a denúncia de que paredes e pisos estão sendo demolidos” e reforçou que o parecer definitivo sobre o tombamento do local “está sendo elaborado por um grupo de três conselheiros” e “será votado na próxima semana”.
Ainda conforme o Comudephaat, estão “proibidas todas e quaisquer modificações, alterações ou supressões de bens que alterem aspectos físicos ou arquitetônicos do conjunto edificado da Apea, sob as penas das sanções, inclusive penais, cabíveis”, durante o transcorrer do processo de tombamento.
O órgão reiterou urgência ao promotor de Justiça Jurandir José dos Santos no atendimento da solicitação de investigar o caso.
O g1 procurou, nesta terça-feira (22), a presidente do Comudephaat, Neide Barrocá Faccio, que informou que o conselho decidiu que só irá se pronunciar na próxima semana, depois da reunião programada para a terça-feira (29), no final da tarde.
Reforma feita do lado interno da Associação Prudentina de Esportes Atléticos (Apea), em Presidente Prudente (SP)
Comudephaat
O advogado da Apea, Luiz Carlos Meix, afirmou ao g1 que não estão sendo realizadas alterações estruturais, mas, sim, “reparos necessários”.
“Não existe nenhuma afronta e nenhuma irregularidade. Estão sendo feitos reparos necessários”, reforçou Meix.
O representante jurídico também esclareceu que a Igreja Evangélica Avivamento Bíblico (IEAB), locatária do local, está investindo mais de R$ 500 mil para “melhorar a estrutura” do clube e realiza troca de pisos e reparos no banheiro. Além disso, “uma porta está sendo aberta para facilitar o acesso”.
“[A responsabilidade das obras é] da igreja que alugou, mas a igreja não está alterando nada do clube. Ela simplesmente abriu uma porta para facilitar, aquilo não altera a estrutura do clube”, disse Meix ao g1.
Reforma feita do lado interno da Associação Prudentina de Esportes Atléticos (Apea), em Presidente Prudente (SP)
Comudephaat
O advogado finalizou relembrando que o próprio Comudephaat já realizou uma vistoria no clube e “acenou autorizando a locação” do prédio para a igreja evangélica.
O g1 também procurou o pastor Onésimo Ferreira da Silva, responsável por administrar a IEAB na região de Presidente Prudente, que preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Caçamba com restos de construção em frente à Apea, em Presidente Prudente (SP)
Leonardo Bosisio/g1
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Caçamba com restos de construção em frente à Apea, em Presidente Prudente (SP)
Leonardo Bosisio/g1
Crise na Apea
A Apea, que é o clube mais antigo em atividade em Presidente Prudente, enfrenta uma crise iniciada em maio deste ano, com a renúncia de toda a diretoria do clube. Na ocasião, o presidente e os demais membros da diretoria renunciaram aos cargos, sob alegação de não terem mais condições de dirigi-lo. Pediram a renúncia os então: presidente, Carlos Silveira, vice-presidente, Osmar Marchiotto, e presidente do Conselho Deliberativo, Teruo Miashiro.
Quando houve a renúncia coletiva, o secretário ad hoc da reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do clube, Luiz Carlos Meix, que também já foi presidente da Apea, explicou à TV Fronteira que o conselheiro mais antigo, Aloysio Dias Campos, foi convocado para assumir imediatamente o cargo de presidente do referido órgão. Por telefone, no entanto, Aloysio Dias Campos, que também já foi presidente da Apea e sócio há mais de 50 anos, disse que não irá assumir o cargo “por motivos de saúde”.
No dia 1º de junho, uma reunião extraordinária foi marcada pelo conselheiro mais antigo da Apea, o bancário aposentado Jaime Trevisan, para eleição de novos dirigentes no clube. A reunião com os com os 14 conselheiros do clube, no entanto, não resultou na definição da diretoria, pois ninguém se candidatou à vaga de presidente do Conselho Deliberativo.
Posteriormente, Jaime Trevisan convocou todos os 145 sócios proprietários da Apea para tentar, novamente, definir o futuro do clube, no dia 3 de julho de 2023. Cerca de 100 sócios proprietários participaram do encontro para tratar sobre os assuntos em pauta. A única conclusão a que os participantes chegaram foi a de que o aterramento da piscina não será realizado.
No dia 31 de julho, o g1 divulgou que o prédio dos salões sociais da Apea foi alugado e será ocupado pela Igreja Evangélica Avivamento Bíblico (IEAB) por um período de 48 meses, que corresponde à duração contratual fixada pelas partes.
Caçamba com restos de construção em frente à Apea, em Presidente Prudente (SP)
Leonardo Bosisio/g1
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