Motociclista sofre corte na boca provocado por linha chilena de pipa; ‘se estivesse em alta velocidade, eu morreria’, diz vítima


Acidente ocorreu em trecho próximo ao Balneário da Amizade, em Presidente Prudente (SP). Thays Karolline Moreira, de 40 anos, foi atingida na boca por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
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A empresária Thays Karolline Moreira, de 40 anos, relatou, em entrevista ao g1, na tarde desta segunda-feira (21), os momentos de drama que viveu ao ser atingida por uma linha chilena enquanto andava de moto na Avenida João Gomes, próximo ao Balneário da Amizade, em Presidente Prudente (SP), neste domingo (20).
“Eu estava andando de moto, sentido Centro, é impossível ver a linha. Eu percebi porque levantou a minha viseira e enroscou no meu óculos. No que enroscou, eu já reduzi a velocidade. Eu fui freando e a linha já arrancou o meu óculos fora, pegou na minha boca e pegou no pescoço. Mas, no pescoço, graças a Deus, na hora que pegou, pegou onde a gente prende o capacete”, relatou Thays.
Thays Karolline Moreira, de 40 anos, foi atingida na boca por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
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A vítima disse ainda que a linha da pipa chegou a puxá-la “para trás” e, neste momento, ela precisou colocar um dos pés no chão, com a moto em movimento, para não se desequilibrar e cair. Por conta disso, um de seus joelhos acabou fraturado.
“Foi quando o rapaz [que estava soltando pipa com a linha chilena] veio e eu falei para ele: ‘Você está louco? Você queria me matar?’. Ele nem me pediu desculpa, ele simplesmente, com grosseria ainda, puxou a linha do meu capacete, quebrando a viseira, olhou pra mim, deu as costas e foi andando, me deixou lá”, complementou.
Thays Karolline Moreira, de 40 anos, foi atingida na boca por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
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Outra motociclista, que passou pelo mesmo local momentos após o acidente com Thays, conseguiu ajudá-la a tirar a moto da via e acionar o resgate.
“Foi ela que me ajudou a socorrer, a tirar a moto do meio da avenida. Se não tivesse me pego, teria pegado ela. Ela ligou para o resgate e para a polícia. Fui resgatada pelo Corpo de Bombeiros, eles me levaram à UPA [Unidade de Pronto Atendimento] do Jardim Guanabara. Lá a médica me disse: ‘Você é a terceira vítima [de acidentes envolvendo linha chilena] só hoje’”, alegou ao g1.
Afastamento do trabalho
Antes de a vítima ser levada à unidade de saúde com um corte de 3 centímetros na boca, o homem que soltava a pipa e, ainda segundo a empresária, aparentava ter “entre 30 e 40 anos”, fugiu do local.
Depois de passar pelos procedimentos médicos e ser suturada com quatro pontos, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Militar.
“Ainda bem que eu estava devagar, imagina se eu estivesse em alta velocidade. Eu morreria ali. E se eu estivesse sem óculos? Tinha cortado entre os meus olhos. [A linha chilena] põe a vida do outro em risco. Os que não morrem ficam com um monte de sequelas. Raramente alguém tem a sorte igual eu tive”, concluiu ao g1.
Thays, inclusive, precisou se afastar do trabalho por cinco dias para se recuperar das lesões.
Thays Karolline Moreira, de 40 anos, foi atingida na boca por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
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Proteção e riscos
O especialista em trânsito Luciano Cenedese conversou com a reportagem do g1, nesta segunda-feira, e deu orientações sobre o uso das antenas protetoras, conhecidas popularmente como antenas corta-pipas, nas motocicletas.
“A lei 12.009 alterou o Código de Trânsito [Brasileiro], o artigo 139-A, e, para quem trabalha profissionalmente [com motocicletas], a antena [corta-pipa] é obrigatória. Eu tenho a minha moto, particular, que eu não trabalho profissionalmente, mas eu tenho, para a minha segurança, a antena corta-pipa. Às vezes, quando você vê, você já está em cima da linha. Então, o fato de você utilizar a antena é uma proteção própria. Acaba sendo um equipamento de proteção para o motociclista. Profissionalmente é um equipamento obrigatório”, alertou.
Thays Karolline Moreira, de 40 anos, ficou ferida após ser atingida por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
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De acordo com Cenedese, o corte das linhas chilenas pode ser até três vezes mais potente do que o do cerol.
“O que acontece é que, às vezes, este tipo de linha chega até a cortar algumas antenas. Na hora que ela faz o enrosco, acaba fazendo esse corte na antena, mas, como a ponta da antena tem que ficar praticamente acima do capacete do motociclista, praticamente, na hora que ela enrosca, que ela faz a força, que ela corta, ela joga a linha acima da cabeça do motociclista, livrando ele. Para quem não é profissional, é um item de segurança”, concluiu ao g1.
Lesão corporal
O delegado da Central de Polícia Judiciária (CPJ), Celso Marques Caldeira, explicou ao g1 que o responsável pelo uso da linha chilena poderá responder criminalmente por “lesão corporal”.
O caso, ainda conforme Caldeira, será encaminhado ao Núcleo Especial Criminal (Necrim) para que haja o procedimento das investigações policiais.
O autor ainda não foi identificado.
Prefeitura
A Prefeitura de Presidente Prudente informou ao g1, em uma nota oficial, que as “ações de combate ao uso de cerol em linhas de pipas competem à Polícia Militar, e qualquer cidadão que flagrar o uso desse tipo de mistura cortante pode denunciar diretamente ao [telefone] 190”.
“No interior do balneário, embora seja permitido soltar pipas, as equipes de plantão no local buscam orientar os usuários sobre a proibição do uso do cerol, que oferece riscos à integridade física de toda a coletividade”, finalizou.
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