Quando o trabalho vicia


Trabalhar é bom. Tanto que não é difícil listar seus benefícios como crescimento profissional, independência financeira, realização pessoal, dentre outros. Ninguém discute isso. No entanto, há pessoas que colocam o trabalho em primeiro lugar, a ponto de não acolherem bem a possibilidade de desfrutar qualquer forma de lazer, afinal há muita coisa a fazer! Essas pessoas são os “workaholics”, uma gíria em inglês que significa viciados em trabalho.
Um workaholic é alguém que coloca o trabalho acima de tudo, incluindo a sua saúde física e mental, os relacionamentos e outras áreas importantes da vida. Esse perfil trabalha muito, não apenas porque a situação exige como, por exemplo, para quitar uma dívida ou atingir um objetivo específico, mas sim como mecanismo de fuga. É uma forma de se proteger dos outros setores da vida nos quais ele não tem muito sucesso. Se a vida familiar, social ou afetiva não vai bem, então ele preenche esse vazio com o excesso de trabalho.
Mesmo que recebam elogios, reconhecimento e respeito das pessoas ao seu redor, esses indivíduos ainda assim sentem a necessidade de produzir mais, pois nunca consideram suficiente aquilo que realizam. Os viciados em trabalho são muito competitivos e estão sempre em busca do sucesso. São perfeccionistas, inseguros e, por isso, exigem muito de si mesmos, permanecendo constantemente estressados.
As consequências negativas desse comportamento podem ser o esgotamento e a perda do prazer em outras atividades, já que a satisfação só é obtida através do trabalho. Além disso, com o passar do tempo, acumulam tantas tarefas que não conseguem impor limite a elas ou recusar novas propostas de trabalho que recebem. Muitos desenvolvem quadros ansiosos, depressivos e, a longo prazo, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional. Portanto, é necessário avaliar por que há tanta cobrança de si mesmo.
Identificar um workaholic não é tão simples, pois em uma sociedade capitalista como a nossa, a dedicação ao trabalho geralmente é vista apenas como uma qualidade positiva, uma virtude, o que dificulta perceber quando ultrapassa a linha do bom senso e torna-se compulsão. Além disso, os sinais podem variar de uma pessoa para outra. De qualquer forma, a psicoterapia auxilia na reflexão sobre o que leva alguém a manter esse comportamento, sua origem, a relação com outros setores da vida e as estratégias que precisam ser desenvolvidas para alterar esse estilo de vida, como estabelecer limites de trabalho, delegar tarefas, além de buscar atividades fora do trabalho que proporcionem prazer.
Infelizmente, os prejuízos desse perfil só serão sentidos a longo prazo, quando o workaholic se der conta, principalmente, do distanciamento afetivo dos familiares e amigos, uma vez que ele sempre alega não ter tempo. Assim, se a empresa que ele trabalha, ou o próprio negócio, falir, o que lhe resta é uma vida pessoal que na qual ele não investiu. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga

Bookmark the permalink.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *