Moradora do bairro socorreu o jovem e o levou para a UPA do Jardim Guanabara. Primeiros atendimentos ao jovem foram realizados na UPA do Jardim Guanabara, em Presidente Prudente (SP), neste domingo (3)
Leonardo Jacomini/g1
Um motociclista, de 18 anos, sofreu um corte no pescoço, causado por uma linha de cerol, no Residencial Cremonezi, em Presidente Prudente (SP), neste domingo (3).
A mulher que socorreu o jovem e o levou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Guanabara conversou com a TV Fronteira e explicou que ele estava próximo a uma rotatória que dá acesso ao Residencial Cremonezi, tentando conter o sangramento no pescoço com duas camisetas.
A moto da vítima estava caída próxima ao local.
De acordo com o Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista (Ciop), que gerencia a UPA do Jardim Guanabara, o paciente chegou em “estado grave no local, com sangramento abundante na região cervical direita, e foi encaminhado com urgência ao Hospital Regional (HR) de Presidente Prudente, para passar por cirurgia geral por provável lesão arterial”.
Em nota à TV Fronteira, o HR informou que o paciente “deu entrada no pronto-socorro da unidade às 16h58 deste domingo, onde foi prontamente atendido pela equipe médica e multiprofissional”.
“Neste momento, seu quadro clínico é considerado estável”, complementou o hospital na manhã desta segunda-feira (4).
Material proibido
O sargento do Corpo de Bombeiros, Ivan Augusto Monteiro, deu orientações sobre o assunto à TV Fronteira, nesta segunda-feira, e reforçou que o uso das linhas de cerol é proibido.
“Nessa época de ventos, em que há menos chuvas, as pessoas aproveitam esses períodos para soltar pipa e, infelizmente, indo contra as leis e utilizando cerol nas linhas de pipa. Além de ser proibido por lei, também há o risco, não somente aos transeuntes, que estão passando com motocicletas e bicicletas, como também a eles, os próprios usuários, de se lesionarem, de ocorrer até uma possível amputação de membros da mão”, explicou.
Este foi o segundo caso envolvendo acidentes de motociclistas com cerol, em um intervalo de apenas 15 dias, em Presidente Prudente.
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Outro caso
No dia 20 de agosto deste ano, a empresária Thays Karolline Moreira, de 40 anos, também foi atingida por uma linha chilena enquanto trafegava de moto na Avenida João Gomes, próximo ao Balneário da Amizade.
“Eu estava andando de moto, sentido Centro, é impossível ver a linha. Eu percebi porque levantou a minha viseira e enroscou no meu óculos. No que enroscou, eu já reduzi a velocidade. Eu fui freando e a linha já arrancou o meu óculos fora, pegou na minha boca e pegou no pescoço. Mas, no pescoço, graças a Deus, na hora que pegou, pegou onde a gente prende o capacete”, relatou Thays em entrevista exclusiva ao g1.
Thays Karolline Moreira, de 40 anos, foi atingida na boca por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
Cedida
A vítima disse ainda que a linha da pipa chegou a puxá-la “para trás” e, neste momento, ela precisou colocar um dos pés no chão, com a moto em movimento, para não se desequilibrar e cair. Por conta disso, um de seus joelhos acabou fraturado.
“Foi quando o rapaz [que estava soltando pipa com a linha chilena] veio e eu falei para ele: ‘Você está louco? Você queria me matar?’. Ele nem me pediu desculpa, ele simplesmente, com grosseria ainda, puxou a linha do meu capacete, quebrando a viseira, olhou pra mim, deu as costas e foi andando, me deixou lá”, complementou.
Thays Karolline Moreira, de 40 anos, foi atingida na boca por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
Cedida
Outra motociclista, que passou pelo mesmo local momentos após o acidente com Thays, conseguiu ajudá-la a tirar a moto da via e acionar o resgate.
“Foi ela que me ajudou a socorrer, a tirar a moto do meio da avenida. Se não tivesse me pego, teria pegado ela. Ela ligou para o resgate e para a polícia. Fui resgatada pelo Corpo de Bombeiros, eles me levaram à UPA [Unidade de Pronto Atendimento] do Jardim Guanabara. Lá a médica me disse: ‘Você é a terceira vítima [de acidentes envolvendo linha chilena] só hoje’”, alegou ao g1.
Antes de a vítima ser levada à unidade de saúde com um corte de 3 centímetros na boca, o homem que soltava a pipa e, ainda segundo a empresária, aparentava ter “entre 30 e 40 anos”, fugiu do local.
Thays Karolline Moreira, de 40 anos, foi atingida na boca por uma linha chilena, em Presidente Prudente (SP)
Cedida
Depois de passar pelos procedimentos médicos e ser suturada com quatro pontos, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Militar.
“Ainda bem que eu estava devagar, imagina se eu estivesse em alta velocidade. Eu morreria ali. E se eu estivesse sem óculos? Tinha cortado entre os meus olhos. [A linha chilena] põe a vida do outro em risco. Os que não morrem ficam com um monte de sequelas. Raramente alguém tem a sorte igual eu tive”, concluiu ao g1.
Thays, inclusive, precisou se afastar do trabalho por cinco dias para se recuperar das lesões.
Proteção e riscos
O especialista em trânsito Luciano Cenedese conversou com a reportagem do g1 e orientou sobre o uso das antenas protetoras, conhecidas popularmente como antenas corta-pipas, nas motocicletas.
“A lei 12.009 alterou o Código de Trânsito [Brasileiro], o artigo 139-A, e, para quem trabalha profissionalmente [com motocicletas], a antena [corta-pipa] é obrigatória. Eu tenho a minha moto, particular, que eu não trabalho profissionalmente, mas eu tenho, para a minha segurança, a antena corta-pipa. Às vezes, quando você vê, você já está em cima da linha. Então, o fato de você utilizar a antena é uma proteção própria. Acaba sendo um equipamento de proteção para o motociclista. Profissionalmente é um equipamento obrigatório”, alertou.
De acordo com Cenedese, o corte das linhas chilenas pode ser até três vezes mais potente do que o do cerol.
“O que acontece é que, às vezes, este tipo de linha chega até a cortar algumas antenas. Na hora que ela faz o enrosco, acaba fazendo esse corte na antena, mas, como a ponta da antena tem que ficar praticamente acima do capacete do motociclista, praticamente, na hora que ela enrosca, que ela faz a força, que ela corta, ela joga a linha acima da cabeça do motociclista, livrando ele. Para quem não é profissional, é um item de segurança”, concluiu ao g1.
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Motociclista de 18 anos sofre corte no pescoço causado por linha de cerol, no Residencial Cremonezi, em Presidente Prudente
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