Dias após ser flagrado escalando torre de telefonia, macaco bugio morre atacado por pit bull, em Tupi Paulista


Primata estava chamando atenção de moradores por conta de sua aparição na zona urbana, inclusive no topo de uma torre de telefonia celular, de aproximadamente 30 metros de altura. Dias após ser flagrado escalando torre de telefonia, macaco bugio morre atacado por pit bull, em Tupi Paulista (SP)
Redes sociais
Um macaco bugio (Alouatta sp) morreu após ser atacado por um cachorro da raça pit bull nesta sexta-feira (5), em Tupi Paulista (SP). O primata estava chamando atenção de moradores da cidade por conta de sua aparição na zona urbana, inclusive no topo de uma torre de telefonia celular, de aproximadamente 30 metros de altura, nos últimos dias (veja o vídeo abaixo).
A morte do bugio foi confirmada na manhã deste sábado (6) pela Polícia Militar de Dracena (SP).
Bugio foi avistado por moradores em uma torre de 30 metros, em Tupi Paulista (SP)
Segundo a vereadora Joisiany Ceber Anselmi, de Tupi Paulista, o animal foi atacado pelo cachorro nesta sexta-feira (5), e a tutora do pit bull chegou a ir até a base da Polícia Militar para informar sobre o ocorrido.
“Ontem, ele [bugio] entrou numa casa que tinha um pit bull e o cachorro foi direto no pescoço dele. A dona do pit bull foi na base da Polícia Militar, para falar o que tinha acontecido, mas, infelizmente, não tinha mais nada o que pudesse fazer, porque ele já estava morto”, relatou ao g1.
Ainda nesta sexta-feira, Joisiany Anselmi já havia informado ao g1 que o bugio estava na casa de uma conhecida dela, em cima do muro, mas o animal, em questão de segundos, saiu do local.
Citou, ainda, a preocupação dos moradores com o primata, cuja espécie é ameaçada de extinção no Estado de São Paulo, como um possível acidente na torre de telefonia ou um atropelamento.
A comerciante Claudia Mantuanelli de Oliveira, que mora a duas quadras de distância da torre onde o animal estava sendo visto, conversou com o g1, nesta quinta-feira (4), e disse que a Polícia Militar Ambiental foi acionada, mas pontuou que “não tinha o que fazer” sobre o caso.
“A vizinha [da torre] ligou para a Polícia Ambiental e eles vieram, olharam e falaram que não tinha o que fazer e que era para não alimentar ele. Ele ficou dois dias nesta torre, lá em cima. Nesta quarta-feira [3], o bugio andou no quintal da mulher, que é vizinha da torre. Depois que começaram a colocar na rede social que ele estava aqui, algumas pessoas comentaram que já faz quase um mês que o animal está aqui em Tupi, e ninguém faz nada”, explicou Claudia.
Bugio se abrigou em torre de celular, em Tupi Paulista (SP)
Micheli Menegatti
Polícia Militar Ambiental
O capitão da Polícia Militar Ambiental, Júlio César Cacciari de Moura, informou ao g1 neste sábado (6) que equipes fizeram diligências em Tupi Paulista, mas “não conseguiram constatar se houve morte de algum primata da espécie bugio”.
Nesta sexta-feira (5), o oficial também explicou sobre os procedimentos que foram realizados após as denúncias de que o bugio estaria na área urbana de Tupi Paulista.
“Recebemos e atendemos a solicitação de um primata da espécie bugio que adentra, por vezes, a área urbana de Tupi Paulista. Fomos ao local e, no momento do atendimento, o animal foi visualizado no alto de uma torre. A realização de contenção e captura (mecânica ou química) não é adequada no momento, por expor o animal a riscos”, pontuou Moura ao g1.
O capitão ainda argumentou que a Polícia Ambiental acompanhava a situação “para ações, caso necessárias”, e que o animal, diariamente, “entrava em alguns lotes urbanos com árvores frutíferas”.
Por fim, orientou aos moradores para “não estimular a presença do animal silvestre, não deixando alimentos disponíveis para que naturalmente ele retorne para seu habitat”. Ele ainda citou que a espécie é “bastante presente naquela região”.
Bugio se abrigou em torre de celular, em Tupi Paulista (SP)
Micheli Menegatti
VEJA TAMBÉM:
Bugio ameaçado de extinção chama atenção de moradores ao escalar torre de telefonia de 30 metros de altura e invadir casas; VEJA VÍDEO
Filhote de bugio ameaçado de extinção aparece acompanhado da mãe em mata na zona urbana e chama a atenção em Presidente Venceslau
Bugio, espécie de primata vulnerável no Estado de São Paulo, tem frequentes visualizações em Presidente Venceslau
Presença de bugios na área urbana de Presidente Venceslau atrai curiosos, mas biólogo alerta para riscos da interação humana com os animais: ‘Isso está errado!’
Defesa Civil
O coordenador da Defesa Civil de Tupi Paulista, Dorival Blini, disse ao g1, também nesta sexta-feira (5), que a Polícia Ambiental foi acionada por moradores, e não pelo órgão, para localizar o bugio.
Blini ainda citou que, na próxima segunda-feira (8), a Defesa Civil iria comunicar a polícia para que as providências fossem tomadas.
‘Puro instinto’
Para o biólogo, especialista em gestão ambiental, professor e fotógrafo de natureza Helder Telles Stapait, “o que aconteceu foi previsto”.
“Sem dúvida alguma é uma perda para a biodiversidade local e uma perda enorme para a espécie em si, que se encontra ameaçada. Acho importante o poder público tomar conhecimento devido aos estudos ambientais prévios para liberação de novos empreendimentos muito próximos às áreas verdes as quais estes animais vivem. É com este tipo de estudo que é verificada a possibilidade deste tipo de situação acontecer ou não”, ressaltou ao g1 neste sábado (6).
Quanto ao comportamento do cão que atacou o macaco, o estudioso reforçou que se trata de “puro instinto” do animal.
“O cão pode ter simplesmente defendido a propriedade por entender que ali é seu território e o macaco estaria o invadindo”, observou.
Ainda conforme o biólogo, considerando que a presença desses animais está cada vez mais comum no perímetro urbano, é necessário atenção por parte do poder público.
“Hoje, o acidente foi com um cachorro e um macaco, amanhã pode ser uma serpente peçonhenta com uma criança. A gravidade da situação pode ser prevista e prevenida. Dependendo da atenção que recebe”, concluiu ao g1.
Bugio se abrigou em uma torre de celular, em Tupi Paulista (SP)
Cedida
Ameaça de extinção
A espécie bugio, do gênero Alouatta, faz parte de uma família de primatas que está ameaçada no Estado de São Paulo devido a “grandes intervenções ambientais”, de acordo com Helder Telles Stapait.
Nestas circunstâncias, o especialista pontuou que o animal “oferece riscos devido à extrema proximidade com a população em área urbanizada”.
“Estes animais são silvestres, selvagens, que estão em busca de lugares e condições para se estabelecerem. O motivo de ele estar aí, nesta área urbanizada, pode ser uma altíssima supressão de áreas verdes. Uma intervenção na área de preservação ambiental, florestas, qualquer fragmento de mata onde o bando possa estar estabelecido”, argumentou ao g1.
O professor também citou que, em determinados casos, o grupo pode “expulsar um indivíduo, que vai se aventurar em novas regiões e pode ser que ele adentre em áreas urbanizadas”.
Bugio se abrigou em torre de celular, em Tupi Paulista (SP)
Micheli Menegatti
Orientações
Stapait recomendou que as pessoas “jamais mantenham contato com estes animais”. Isso porque, quanto maior o contato, “maior vai ser a confiança deste animal se aproximar das pessoas com base na relação de troca”.
“Isso pode gerar um problema muito grande quando faltar o alimento que essas pessoas possam vir a trazer para ele, aí ele pode se tornar um animal agressivo, para adquirir o alimento, e atacar estas pessoas”, disse ao g1.
A primeira coisa que as pessoas devem fazer, ao avistarem este tipo de animal em sua propriedade, ainda conforme o biólogo, é “acionar a Polícia Militar Ambiental”.
“É extremamente importante que o Poder Público tenha conhecimento da ocorrência de avistamento destes animais na área urbanizada”, complementou.
Quando o homem avança com construções, indústrias e fábricas, novas áreas acabam exploradas. “Aqui na região do Pontal do Paranapanema, nós tivemos ao longo de muitos e muitos anos, mais especificamente nos últimos 40 anos, uma enorme exploração com muitos impactos ambientais gravíssimos”, ressaltou Stapait.
“O maior inimigo dessas espécies é a intervenção humana. É essa intervenção que está inviabilizando o sucesso dessa espécie, a permanência dessa espécie, a sobrevivência deles”, destacou.
São os fatores ligados à interferência humana que podem ser um dos motivos do aumento desses registros, cada vez mais próximos da área urbana, segundo o biólogo.
Bugio se abrigou em torre de celular, em Tupi Paulista (SP)
Micheli Menegatti
Bugio também foi avistado em muros de residências, na área urbana, em Tupi Paulista (SP)
Cedida
Bugio também foi avistado em telhados de residências, na área urbana, em Tupi Paulista (SP)
Cedida
Torre de telefonia celular de 30m de altura, onde bugio se abrigou, em Tupi Paulista (SP)
Micheli Menegatti
VÍDEOS: Tudo sobre a região de Presidente Prudente
Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.

Bookmark the permalink.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *